terça-feira, 19 de março de 2019

Minha música 'NERO'

Quando se trata de arte, ela foi feita, seu propósito, é o de embelezar a vida. Portanto, isso precisa ser exposto e não guardado a sete chaves. É também apropriado falar que quando um jogador de futebol  consegue fazer um gol, especialmente se esse gol é muito bonito; é natural que ele vibre, que ele pule, que ele grite de alegria. A minha reação em relação às minhas músicas é algo parecido. Não é exibicionismo ou a praga da ostentação. Apenas gostaria de dividir a minha alegria, minha felicidade. Também meus verdadeiros amigos se alegrarão. E vejo tantos músicos e amantes da música frustrados com o que se vê. Há de se lembrar da necessidade que temos de registrar nossas próprias vitórias, pois hoje especialmente, com tantas distrações a que somos assediados,  receber um elogio, algo que alimenta a alma, é algo RARÍSSIMO. Muito comum, seja no ambiente de trabalho, na família e até na religião; as críticas, julgamentos, condenações sumárias, ás vezes até execuções; claro num formato mais 'polido' e 'discreto', mas altamente perceptível e danoso a alma. Assim, sem nenhum pudor, estarei a falar sobre a história das minhas músicas, começando com 'NERO'.

Essa música reporta a história do imperador romano Nero que teve a marca da ambição, prepotência, presunção e a maldade para com seus semelhantes. Para alcançar a glória ele não pensava duas vezes em ferir, machucar e matar aqueles que porventura fossem de alguma forma uma ameaça à ele. o 'NERO' de hoje é o  típico indivíduo que não é só de pensar e fazer a maldade. Ele faz isso com arte. Exemplo, se ele é o presidente de uma grande corporação ele coloca os que se destacam em maus lençóis para que estes se ferrem. E desfila sorrateiramente como figura simpática e honrosa.  Em uma situação da qual se poderia ajudar, 'NERO' ele lava as mãos e deixa seu 'oponente' sangrar até a morte. E continua a desfilar como figura simpática e honrosa. Sua capacidade criativa estar em apenas projetar seja a maldade dele mesmo ou o mal que acha que os outros podem lhe fazer. Gesto e atitudes, sem qualquer intenção de alguém que cruza com Ele, é visto com desconfiança e suspeita.

A música é algo divino que a gente deve agradecer entre tantas outras coisas que o criador faz por nós, que nos dá generosamente sem cobrar nenhum tipo de aluguel ou taxas. Nascer com a capacidade de, através da arte, fazer uma fotografia real e fiel dos momentos e dos sentimentos que se passa na vida é um grande privilégio.

Sobre a música e os músicos. Era o ano de 2007, lembro de um domingo, uma tarde. Fiquei num Jardim lá em Estância, no 'parque velho', sozinho e com o meu primeiro violão, meu companheiro de sempre. Depois de horas, um doidinho apareceu, 'toque aí pra mim',  'que tá fazendo?. Nem lhe dava ouvidos. Tramava a introdução da música, com a mesma concepção do que é hoje. Tomei um susto quando ele gritou: 'etha tocador da p...' . Depois eu sorrir sozinho. Eu estava muito magoado, com raiva. A  intensidade e agressividade, terminou fluindo na letra e música.

Desde aquele tempo eu já gravava precariamente no computador as coisas. Vivia de favor na casa do sogro. Era uma terça, ou quarta à noite. Terminei a música.  Fui até o Jonas Paixão com a música, harmonia, roteiro, e concepção de arranjos, tudo prontos. Foi uma passada rápida, acho numa quinta à noite. Ele imediatamente colocou pra tocar a música voz e violão já deixando tudo pronto para seguir em frente com os trabalhos. Ficou muito impressionado e eu feliz. Eu disse que sabia fazer a introdução mas o  problema é que queria fazer não dá forma grave como sabia fazer, não queria um baixo, mas uma guitarra na introdução. Nisso o Fábio Marques, baixista chega. Aí o Jonas diz a mim: 'pegue o microfone, faça aí com a boca como você quer". Com Jonas eu até ficava à vontade, mas com Fábio ali... E eu fiz... E disse: 'mais ou menos assim, mas com guitarra, não baixo'. Até hoje eu  sinto vergonha do som que eu produzia no microfone como introdução de 'NERO'. Saí de la pensando, 'etha papelão e na frente do Fábio'. E o Fábio é tão especial, tão gente boa. Eu não sei o que aconteceu. Passados dias votei, não tinha guitarra nenhuma como havia pedido. Tinha era um improviso de baixo e piano, junto com guitarra e bateria - sensacional! Acho que Jonas se sentiu desafiado. Na hora eu pensei:  'ficou perfeito, ainda que não seguiram o que eu disse'. Eu imagino, até porque no dia que cheguei para mostrar a música, Fábio disse: ' É Cláudio aí agente tem várias opções'. Nunca conversei sobre isso mas acho que o Fábio pediu para fazer o arranjo e voltou com uma ideia genial. ELE tinha muito mais tempo que o Jonas para pensar. Eles eram vizinhos e se conversavam muito, Fábio ajudava a operar o Estúdio. A introdução de 'NERO' é um sonho, não parece possível, nem real, ainda mais feita por músicos daqui mesmo, os quais subestimamos muito. Abaixo cito os músicos participantes.

Aqueles eram dias difíceis. O cd não saía. Eu pressionava Jonas, coisa que nunca soube fazer muito bem. Eu tinha de ser tudo, compositor, músico, cantor, produtor musical; tudo isso sem nenhum tipo de experiência anterior. Por isso digo e aceito que houveram muitos erros no processo. Achava também que as coisas eram fáceis, que logo seria notado e solicitado a seguir tipo uma carreira com música, com shows em toda parte. Aquela trava que tinha lá no estúdio, a demora, achava que prejudicava toda uma construção, visando uma meta.

Num daqueles sábados, a tarde lá fui eu, já havia agendado, mas desconfiava e já estava irado com Jonas: 'eu vou mas sei que não vai dar, ele já vai ter outros compromissos'. Faltava fazer o solo  no meio da música. Jonas muito ocupado e eu pressionando. ' Vamos Jonas!' Ele parou tudo, colocou o teclado, olhou pra mim, tentou, olhou pra mim. Ficou aquele jogo e pra minha surpresa ligou pra Evaldo. E não é que Evaldo veio. Até hoje não sei se eles combinaram. É surpreendente e arrebatador. Jonas olhou e me disse: 'Cláudio não consigo!' Eu fiquei, 'mas como ele fez aquela piano da introdução, muito mais complicado, e não consegue esse solo?' Aí Evaldo chega pega no teclado. Fica apenas eu e ELE, Jonas vai cuidar de outras coisas. Evaldo mostra que sabe também esses estilos! Toca no piano e como que me diz cante aí. Eu canto, era uma música de Djavan, linda. Aí ele pára, diz: 'vamos ao trabalho'.  Eu expliquei: 'Olhe é esse solo do meio. Aqui tem um solo, eu queria um sax, mas Jonas discorda, já tem muitos metais no CD'. Rapaz, o Evaldo ali de improviso, meu Deus, fez um solo de sintetizador, é um absurdo. Anos passaram, ele reclamou a mim pessoalmente que não ganhou o cd e não recebeu os méritos que achava justo. Fiquei sem jeito e triste, pois a gratidão é algo que muito valorizo. No encarte do CD tem a citação dele e tudo e pensava ser suficiente.


Outra persona muito querida, pela humildade e até ingenuidade - Jackson Albuquerque, (apelido: aperreio). Ele quem faz a guitarra. Um amigo pessoal muito querido que certa feita tinha uma cirurgia a fazer e não tinha dinheiro da consulta, num sei R$ 250,00. Outro amigo me falou dessa necessidade dele. Oh meu Deus, não devemos nos gabar por doações e ou caridade que fazemos. A Bíblia diz que quando recebemos o aplauso de humanos, perdemos algo maior, a recompensa do próprio DEUS. Mas, excepcionalmente falarei isso aqui porque quanta alegria eu tive quando transitava na rua e ele tocou em mim. Todo arrumado, bonito. Eu perguntei: 'já fez a cirurgia?'  Olhou meus olhos e disse:' muito obrigado!  Quero gravar pra você, pra te pagar', e eu disse: 'Você assim bem, não vamos falar disso, tá tudo certo!' Ele parecia ser meu PAI. Esse foi nosso último encontro. Eu não o acompanhei ele gravando.  Ele desenvolveu Alzheimer, foi levado pela filha para Maceió/AL. Depois, todos nós músicos lamentamos e muitos choraram a notícia do seu falecimento em 2015. Meu bom amigo e figura folclórica aqui em Aracaju.

Essa é quase toda a história dessa música 'NERO'. E que os 'NEROS' da atualidade não pensem que enganam a todos. Acho que a minha música dá amplos sinais que identifica-os muito facilmente - o jeito como agem, sua ganância pelo poder. E que isso nos ajude a se proteger da maldade DELES.

Essa música está disponível para qualquer pessoa ouvir em qualquer parte do planeta (muito orgulhoso e feliz) nas  plataformas digitais tipo:  iTunes, Spotify, Play music , Deezer, também no SoundCloud e no 4shared.

Os links:

A seguir, a letra da música e ficha técnica.

'Existem muitos neros na atualidade
Fizestes proezas com o teu império
Como teu irmão no passado
Com sua loucura implacável
Chegastes ao poder
Uma combinação manjada
Bastando por um monte de caras
Promovidos pra te promover
O silêncio acomodou os sonhos
Porque não há nada de medonho
Que o tempo não possa resolver
Fizestes muita coisa Nero
Fostes muito longe Nero
Consegues aparecer
Por que te corrompeste Nero
E te multiplicastes Nero
Busca se encontrar
Pois o poder de Deus
Nem é meu nem seu
Apenas ele tira e dá
Por que se lhes dá o poder
Se queres um desafio
Vai ser polícia no Rio
Lutar para não morrer
Sua suposta bravura
Será testada a altura
Com o tráfico no poder
A verdade é o que pouco importa
O que importa é se tens o poder
E a vida te devolve
Certamente a história há de dizer
Queres emoção oh Nero
Às custas dos outros Nero
Busca o teu lugar
Faz uma terapia - Nero
Uma academia - Nero
Deixa a razão te encontrar
Toda essa arrogância
Que só traz lembrança
De uma era
De miséria
Nero
Não podes voltar'

Voz - Cláudio Vilanova
Baixo - Fábio Marques;
Guitarra - Jackson Albuquerque
Bateria- Bruno Carvalho
Teclados - Jonas Paixão
Solo Sintetizador - Evaldo Cruzes
Backing-vocal - Tiago Costa

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